quinta-feira, 17 de abril de 2008

E os 2 primeiros Rs??

Mais um relatório sobre as condições climáticas do planeta mostra a ameaça que nos espera doravante. Mas, desta vez, mesmo que mudemos o paradigma moderno de crescimento constante, isso não significará alterações expressivas. O que o relatório do IPCC diz é que, as mudanças no clima da Terra são reais e conseqüência de atitudes irresponsáveis.

Como Lutzenberger enfatizou em seu Manifesto Ecológico Brasileiro de 1980, não houve até o presente momento uma geração tão indolente quanto a nossa. Dentre aquelas tantas que habitaram o planeta até agora, somos a que mais dilapidou os recursos naturais do planeta, sem levar em consideração as gerações precedentes.

Mas alguém poderia dizer: “Sim! Mas estamos avançando na reciclagem de alumínio, plástico, papel, etc.” Somos a geração que mais tem reciclado materiais utilizados nas mais variadas formas de objeto de consumo.

Digo-lhes então: “E basta somente isso? Nossa geração inovadora não foi aquela que inventou e incentivou o “descartável” e o “supérfluo”?”. Não fomos nós que inventamos o curso superior de Propaganda & Marketing?

Aliás, eu diria: “Não estaria na hora de deixarmos a reciclagem de lado e pensar de forma mais profunda os outros “erres” da educação ambiental? Parece que os outros “erres” ficam esquecidos nos tempos atuais”.

Bem! Vejamos:

O primeiro “erre” é aquele ao qual devíamos dar importância fundamental em toda cadeia produtiva. Ou seja, vamos “reduzir”. Esta seria a palavra mágica para fazer do planeta um lugar habitável por mais algumas centenas de anos. Reduzir o consumo! Reduzir o desperdício! Reduzir o esbanjamento! Mas aí vem a dúvida: “Será que eu posso viver com um só aparelho de televisão em casa? Ou necessito pelo menos uma no quarto e outra na sala? Será que posso viver com um celular sem câmera? Ou devo comprar um celular com câmera e uma câmera digital para colocar as fotos no “orkut””?

O segundo “erre” seria alternativa essencial para expandir a vida útil dos recursos naturais que sugamos do planeta e que demoraram cerca de três milhões de anos para serem acumulados. Ou seja, vamos “reutilizar”. Este seria o verbo adequado para quem se preocupa verdadeiramente com o futuro. Novamente pode-se perguntar: “Alguém reutilizaria aquela camisa amarfanhada que o irmão mais velho esnobou em muitas festas e baladas? Calçaria aquele tênis demodê que o tio usou duas ou três vezes e abandonou? Usaria aquele antigo celular que, embora não tendo câmera digital, ainda é útil para ligações nacionais e internacionais?”.

E o terceiro “erre”? Por que só nos preocupamos com o terceiro “erre”? Por que queremos somente reciclar? Por que ele é o mais confortável de todos os três? Nele eu continuo consumindo os recursos do planeta e jogando todo o lixo separado para o “catador”. E ele? Que se vire com o refugo por mim descartado?

Que tal este desafio de refletirmos a respeito?

(*) Jairo Brasil é Licenciado e Pós-Graduado em Estudos Sociais pela UPIS de Brasília, Mestrando em Educação pela UNISINOS e professor do Curso Técnico de Segurança do Trabalho da Escola Profissional Unipacs de Esteio.

domingo, 13 de abril de 2008

PLUVIÔMETRO CASEIRO

Eng. Agro. José Luiz Viana do Couto

jviana@openlink.com.br

1 – FUNDAMENTOS

A prática mais importante em uma bacia hidrográfica é a medição das chuvas, que se faz rotineiramente, através do pluviômetro. Por sinal, esta é uma técnica usada desde o Egito antigo, para fins de cobrança de impostos sobre as colheitas. Para a agricultura, a chuva é fundamental e podem-se estabelecer facilmente equações matemáticas correlacionando a produção de uma determinada cultura com a precipitação. Para a bacia hidrográfica, as alturas de chuva são importantes para se conhecer a sua capacidade de produzir água, erosão e enchentes.

O pluviômetro é um recipiente que armazena a água da chuva pelo período de um dia. A cada 24 horas, mede-se o conteúdo de água do recipiente e anota-se o resultado para estudo posterior. Os órgãos governamentais usam pluviômetros padronizados. O mais comum no Brasil é o “Ville de Paris”, mostrado na figura abaixo, cujo topo fica a 1,5 m do solo em local cercado e livre de obstáculos.

Principais Características Métricas

Área da superfície de captação ----------à 400 cm2

Capacidade de acumulação do corpo --à 5.000 cm3

Comprimento do aparelho -----------------à 630 mm

Peso líquido do pluviômetro ---------------à 1,4 Kg

Peso bruto (embalado) com provetas----à 5 Kg

Capacidade de acumulação em termos de altura de precipitação 125 mm de chuva.

Toda chuva possui cinco características: altura, duração, intensidade, freqüência e tempo de recorrência ou período de retorno. A altura é dada em milímetros (mm) e representa o volume de água captada pelo pluviômetro (1 mm = 1 l/m2 de água). Suponhamos que o pluviômetro tenha captado duzentos mililitros de água no dia :

200 ml (ou cm3) ¸ 400 cm2 = 0,5 cm = 5 mm de chuva. Se a mesma quantidade de chuva proviesse de um pluviômetro com 78,5 cm2 (A=pD2/4=3,14x102/4) de área de captação, a altura medida seria agora 25 mm de chuva, ou seja, 5 vezes mais.

A duração da chuva é o tempo usado para a medição da mesma. Se os 200 ml de chuva do pluviômetro “Ville de Paris” fossem o resultado de um dia de espera, sua duração seria 24 h. Esse parâmetro vale para qualquer tipo de pluviômetro. A intensidade refere-se à altura de chuva na unidade de tempo; por exemplo: 0,21 mm/h (5mm/24h) ou 1 mm/h (25mm/24h). Para o estudo da freqüência e tempo de recorrência, deve-se primeiramente ordenar as chuvas em ordem decrescente. A freqüência mede o número de ocorrências das maiores chuvas de cada ano. Se os 5 mm acima ocupassem o 2o. lugar da lista, em 5 anos, para 24 h de duração, a sua freqüência seria: F=m/n=2/5=0,4 vezes/ano. O tempo de recorrência, por definição é o inverso da freqüência, assim: T = 1/F = 1/0,4 = 2,5 anos ou seja, naquela localidade, chuva igual ou maior que esta só ocorre a cada dois anos e meio. Este último dado é muito usado nos cálculos de engenharia. Para a drenagem de um campo de futebol, por exemplo, são usados tempos de recorrência de 5 a 15 anos; na drenagem urbana (esgotamento pluvial) 15 a 25 anos; enquanto no projeto de uma grande central hidrelétrica, T = 5.000 a 10.000 anos.

2 – COMO CONSTRUIRVisualizar blog

Uma garrafa do tipo PET, de guaraná Brahma (ou similar) de dois litros (2 l), mede cerca de 34 cm de comprimento e 10 cm de diâmetro. Por ser cilíndrica e ter esse diâmetro, facilita a medição: cada milímetro de altura corresponde a 1 mm de chuva. Assim, a 1a. coisa a fazer é desenhar numa tira de papel branco uma escala de 0 a 20 cm. Do fundo para o gargalo, mede-se 8 a 9 cm de altura e corta-se a garrafa com uma lâmina, tesoura ou serra. Mantendo-se a tampinha fechada, repousa-se a mesma na base formada pelo fundo, com a parte cortada para cima. Está feito o pluviômetro caseiro. Agora, só falta colar a escala. Como vimos, a correspondência de 1 para 1 só funciona na parte cilíndrica (se o diâmetro for de 10 cm). Encostando-se uma régua na parede externa da garrafa, é fácil descobrir esse ponto, que deve ser marcado com um pequeno traço horizontal na garrafa. Enche-se cuidadosamente o pluviômetro com água até aí, despeja-se numa mamadeira de 240 ml ou em proveta graduada (o ideal), lendo-se o resultado. Dividindo-se este volume pela área da seção transversal da parte cilíndrica, fica-se sabendo a quantos milímetros de chuva corresponde a parte não-cilíndrica. Supondo-se que o conteúdo de água até essa marca tenha dado 180 ml, dividindo-se por 78,5 cm2, resulta aproximadamente 2,3 cm. Marca-se esse valor na escala de papel e fazemo-lo coincidir com a marca que fizemos na garrafa, dispondo a tira o mais verticalmente possível. É claro que só teremos precisão na medida quando o nível d´água na garrafa ultrapassar esse limite, se fizermos a medição apenas com a leitura da escala. Daí para baixo, só com o auxílio da mamadeira ou de uma proveta graduada.

3 – COMO OPERAR

A desvantagem do pluviômetro caseiro de garrafa PET é a sua fragilidade e o seu pequeno peso. O vento forte, por exemplo, pode derrubá-lo ou tirá-lo da vertical, quando tiver pouca ou nenhuma água da chuva em seu interior. Um lastro de cimento na base pode resolver esse problema. Outro ponto a considerar é a evaporação do líquido em seu interior, resultando medidas inferiores. A tampa de uma outra garrafa (sem a tampinha) colocada de cabeça para baixo na boca do pluviômetro, como mostrado na figura ao lado, deve resolver mais este problema. Para que as medições possam ser comparadas às dos pluviômetros tradicionais, restam ainda três outros problemas: altura do solo, cercado e distância de obstáculos. Se possível, a boca deve ficar a 1,5 m do solo. O cercado é para evitar que animais e curiosos se aproximem do aparelho. Finalmente a distância de obstáculos serve para que a chuva chegue até ele.


sábado, 12 de abril de 2008

Transgênicos levam mais fome e exclusão à população do campo, avalia ativista



Investir na reforma agrária, na distribuição de terras e no fortalecimento da agricultura familiar como o modelo produtivo que gera mais emprego, é ambientalmente mais sustentável e distribui mais renda são as três propostas alternativas ao plantio de transgênicos no Brasil defendidas hoje (11) pelo representante da campanha Acabar com o Terminator Julian Pérez.

“A saída no Brasil é mais evidente do que em qualquer outro país, 70% do que vai para o prato dos brasileiros é produzido pela agricultura familiar. É um sistema que produz mais alimentos para os brasileiros, e não só commodities [bens primários com cotação internacional].”

Ao participar do segundo dia da Conferência Especial pela Soberania Alimentar, pelos Direitos e pela Vida, Pérez avaliou que o terminator – tecnologia que altera a semente com a finalidade de gerar plantas estéreis – representa um risco potencial, caso a transgenia seja propagada no mundo.

“O agricultor compra a semente, planta e a semente que ele colhe não vai nascer de novo. Um ano após o outro, o agricultor vai ter que estar sempre comprando semente da indústria. O agricultor perde a sua capacidade de produzir e conservar a sua própria semente.”

Ele lembra que o terminator foi desenvolvido, inicialmente, nos Estados Unidos, mas que vários países já realizam pesquisas que utilizam a tecnologia para “aprofundar o monopólio das empresas sobre a semente”.

Pérez acredita que, de maneira geral, os transgênicos reforçam um modelo antigo de agricultura baseado na expansão da monocultura, na concentração das terras e dos meios de produção e, conseqüentemente, no aumento do preço dos produtos agrícolas.

“Apesar desse modelo ser propagado como um modelo que quer combater a fome, o que a gente observa é que a fome tem aumentado no mundo, mesmo tendo aumentado a produção desse tipo de alimento. Os transgênicos foram um revigoramento desse modelo, que vai levar mais fome e mais exclusão à população do campo.”

A proposta de interromper a propagação da transgenia deve ser discutida até domingo (13), último dia do encontro, e posteriormente levada à 30ª Conferência Regional da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que será realizada entre os dias 14 e 18 deste mês, em Brasília.

“Como no Brasil a relação de forças é desigual, a indústria tem um peso muito maior e é muito mais ouvida do que os movimentos sociais A gente faz um esforço de que pelo menos essa tecnologia terminator, que é um aprofundamento terrível do controle das empresas sobre a semente e da dependências dos agricultores, não seja implementada no país.”

Segundo Julian Pérez, a comercialização do terminator é proibida no Brasil pela Lei de Biossegurança, mas um projeto de lei apresentado pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO) prevê a liberação da tecnologia. Dados da campanha Acabar com o Terminator apontam que quatro empresas em todo o mundo concentram 57% do mercado de sementes e que, entre 1994 e 2006, o preço da semente subiu 250%.

Da Agência Brasil

http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1678103-1935,00.html